Curto-circuito ocorreu em sala de prédio na Avenida Rodrigues Alves
RIO – Um curto-circuito numa das salas do prédio, chamado de anexo, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) na Avenida Rodrigues Alves expôs, mais uma vez, as precárias condições de segurança a que estão submetidas nove milhões de obras da maior instituição do tipo na América Latina — e uma das dez maiores do mundo. O acidente, que só veio à tona agora, ocorreu na semana passada e, segundo testemunhas, foi seguido por um princípio de incêndio. Controlado pela brigada de incêndio, o curto espalhou fumaça pelo salão de higienização de documentos, no 3º andar. Para funcionários, o caso é mais um na coleção de problemas da biblioteca, que, em maio, sofreu uma grande inundação no prédio histórico da Avenida Rio Branco, de 1910 e tombado pelo Iphan, e também no anexo.
Os riscos de uma tragédia já foram alertados pela brigada de incêndio da FBN. O documento, de abril de 2011 e divulgado primeiro pelo portal IG, e no domingo pelo colunista Elio Gaspari, aponta falhas no sistema de prevenção de incêndio nos dois prédios e pede correções urgentes “a fim de evitar consequências seríssimas ao acervo”. O relatório gerado pela inspeção foi apresentado à nova presidência da FBN, que diz estar fazendo as correções necessárias. A Coordenação de Preservação da FBN nega o princípio de incêndio na semana passada, dizendo que se tratou de um curto numa luminária.
O acidente soou como um sinal de perigo para os servidores, cuja preocupação é ainda maior em relação ao prédio da Avenida Rio Branco, cujo sistema elétrico hoje consiste num emaranhado de fios e gambiarras, como afirma um integrante da diretoria da Associação dos Servidores da FBN.
— Se pega fogo na biblioteca (na sede) em dez minutos vai tudo embora. E a nossa única saída seria nos jogarmos das janelas, pois a escada de emergência fica no meio do acervo.
Na terça-feira, a Associação dos Servidores esteve no anexo e disse que a precariedade das instalações continua: “O profundo o estado de deterioração. O prédio, onde estão obras do acervo da biblioteca, do Escritório de Direitos Autorais e do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, não está adequado para esta finalidade e tampouco para receber as pessoas que ali trabalham.”
Outro ponto nevrálgico na FBN é o ar condicionado da sede. Diante do risco de novo vazamento no prédio histórico, o sistema de refrigeração foi desligado em maio. A assessoria de imprensa da fundação afirma que o sistema II de refrigeração, que alimenta parte do edifício, está sendo recuperado, a um custo de R$ 226 mil. A previsão é de que volte a funcionar até novembro, para climatizar toda a sede.
Para dar solução ao problema mais visível no prédio da Rio Branco, foi feito um pregão para modernização do sistema elétrico. A empresa que fará o projeto está em processo de contratação, a um custo de R$ 750 mil. A direção da FBN minimiza o temor em relação às condições dos dois prédios, dizendo que os problemas do da Rodrigues Alves serão corrigidos assim que forem iniciadas, este ano, as obras para sua transformação em hemeroteca (seção de jornais e revistas).
Fonte: O Globo