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Engenheiro americano: sprinklers evitam tragédias como a da Kiss

Foto: Daniel Favero / Terra

O engenheiro americano Russ Fleming, que acompanhou as investigações do incêndio da boate The Station, que matou mais de 90 pessoas, no Estado de Rhode Island nos Estados Unidos, em 2003, defendeu que o sistema de sprinklers poderia ter evitado uma tragédia como a ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria, onde mais de 200 pessoas morreram.

“Essa seria uma das coisas mais importantes a serem implantadas porque isso remedia diversos outros problemas, isso remedia a falta de outras saídas de emergência, de espuma exposta no forro, de as pessoas estarem alcoolizadas sem o conhecimento de onde estão as saídas de emergência. O sistema de sprinklers ajuda a aliviar todos esses problemas. As pessoas não morrem em prédios com sprinklers, porque esse sistema impede que o fogo se alastre se tornando perigoso”, disse Fleming, que é presidente da Associação Americana de Sprinklers,  durante audiência, nesta segunda-feira, na Comissão Especial de Revisão e Atualização das Leis Contra Incêndio, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Para o engenheiro americano, o uso dos sprinklers deve ser especificado na lei, para evitar que fique a cargo dos donos de casas noturnas usar ou não o sistema. “No Brasil e nos EUA, quando as pessoas vão em uma casa noturna acreditam que aquele prédio é seguro, com base em tudo aquilo que é determinado pela legislação. No entanto, os donos dos prédios não vão colocar sistemas de segurança de forma voluntária, por isso os governos precisam se certificar de que sejam colocados os sprinklers”, defendeu.

O presidente da comissão, deputado Adão Vilaverde (PT) afirmou que se for comprovado que os sprinklers poderiam ter evitado tragédias como a de Santa Maria, a obrigatoriedade legal para a instalação do equipamento deve ser incluída na legislação.

 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 240 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente – dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

 

Fonte: Portal Terra