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Falta de manutenção e não conformidade afetam desempenho de sprinklers (Newsletter nº 6)

Um assunto que tem sido motivo de grandes discussões pelos integrantes do Instituto Sprinkler Brasil (ISB) e demais especialistas do setor de proteção contra incêndio é a falta de manutenção e não conformidade nos sistemas de sprinklers. O tema é tão sério que ganhou uma dissertação de Mestrado em fase de conclusão, pelo coronel do Corpo de Bombeiros, Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, Cássio Roberto Armani.

Confira, a seguir, a entrevista realizada pelo ISB com o especialista que está estudando o tema:

 

ISB – O senhor acredita que a falta de manutenção de sistemas de chuveiros automáticos poderia ser resolvida se fosse obrigatória a inspeção desses sistemas, a exemplo do que ocorre com os elevadores?

Cel. Armani – A questão de manutenção predial ainda é muito negligenciada em diversos setores, não apenas com relação à segurança contra incêndio. O fato de ser compulsória impõe responsabilidade a quem de direito e a quem realiza o serviço de manutenção predial. Atualmente a inspeção do sistema de chuveiros automáticos está restrita a um anexo informativo, portanto não prescritivo, da NBR 10897:2014.

ISB – Como seria possível melhorar a abordagem sobre sprinkler nas referências nacionais que tratam de manutenção predial? Como entidades como o ISB podem contribuir com este processo?

Cel. Armani – A norma NBR 10897 é bem detalhada, quanto aos requisitos mínimos de projeto e de instalação dos sistemas de chuveiros automáticos, tal qual a norma norte americana NFPA 13.

Atualmente estou elaborando uma dissertação que trata da inspeção predial do sistema de chuveiros automáticos, norteada por uma pesquisa de campo sobre as não conformidades em instalações existentes na cidade de São Paulo.

Apesar do trabalho ainda não estar concluído, é certo que falta uma norma oficial brasileira, compatível com a NBR10897, e que padronize os requisitos de inspeção, teste e manutenção.

Não é aceitável adentrar numa edificação aparentemente protegida pelo sistema de sprinklers, sem que haja confiabilidade no sistema. O simples fato de visualizar os chuveiros pode gerar uma falsa sensação de segurança, o que é muito grave. Há casos no Brasil de edificações que estavam aparentemente protegidas pelo sistema de chuveiros automáticos e que não funcionaram diante de um incêndio.

 

ISB – O sr. acha que o Corpo de Bombeiros teria condições de realizar vistorias do sistema de incêndio ou isso poderia ser feito por uma empresa cadastrada pelo próprio CB?

Cel. Armani – O Corpo de Bombeiros realiza as vistorias técnicas por solicitação dos proprietários e/ou responsáveis técnicos, mas é importante salientar que é um engano afirmar que uma edificação que possui o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) está 100% segura em termos de proteção contra incêndio.

Ter a edificação regularizada é, primeiramente, observar as normas legais e, sem dúvida, um bom sinal. Mas a validade deste tipo de documento é grande (em geral 3 anos) e, portanto, requer que as inspeções prediais dos sistemas de segurança contra incêndio sejam executadas numa periodicidade bem menor, sob a responsabilidade de profissionais habilitados e contratados pelo proprietário.

ISB – A vistoria de sistemas de chuveiros automáticos deveria estar prevista em uma norma técnica?

Cel. Armani – Certamente ajudaria muito, tal qual a norma norte americana NFPA 25, desde que adequada aos requisitos de projeto vigentes no Brasil. Seria uma excelente ferramenta para o profissional da área de manutenção.

Mas a norma serve como um padrão. De nada adianta se não houver a conscientização e parâmetros específicos para a inspeção. Um bom exemplo é o laudo de inspeção de caldeira, obrigatório a cada 6 meses, de acordo com a norma regulamentadora NR-13.

Neste exemplo, independente da fiscalização do órgão federal, o proprietário ou responsável pelo uso deve procurar um profissional legalmente habilitado para manter o equipamento em operação e em condições de segurança.