Chamas foram controladas depois de duas horas de trabalho dos bombeiros. Comerciantes e moradores reclamam de demora dos bombeiros. Comandante da corporação nega
A data deveria ser festiva para Copacabana. Mas a manhã do aniversário de 120 anos do bairro é de tensão e tumulto generalizado no trânsito, com um incêndio que paralisa os deslocamentos em uma parte da zona sul da cidade. Pouco depois das 9h desta sexta-feira, funcionárias da loja Aidan Festas, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 618, perceberam o início do fogo no estoque, que fica nos fundos do prédio de dois andares. As chamas só foram controladas por volta das 11h30, e nas mais de duas horas de combate ao fogo as lojas vizinhas foram interditadas, assim como o trânsito em três quarteirões da avenida. Os bombeiros precisaram lutar para controlar o incêndio principal ao mesmo tempo em que trabalhavam para evitar que lojas vizinhas, entre elas as Lojas Americanas e a Casa e Vídeo, fossem atingidas.
A Aidan festas tem filiais no centro e na zona sul e foi criada há 23 anos. A vendedora Ivonete Beatriz, que trabalha há 22 anos na loja, foi quem percebeu o início das chamas. “Comecei a avisar a todo mundo. Já tínhamos alguns clientes na loja nesse horário. O fogo subiu rápido e as chamas eram altas, não tivemos tempo de pegar bolsas e objetos pessoais”, disse.
O site da empresa não informa sobre fogos de artifício, mas a vendedora Cleideane Ribeiro, que está há três anos na Aidan, informou que, no período de festas juninas, há venda de fogos de artifício no local. Segundo as vendedoras, o dono da empresa foi avisado assim que o incêndio foi descoberto.
A dentista Rosa Maria Hide, que trabalha a um quarteirão do local, percebeu as chamas e sentiu forte cheiro de fumaça por volta das 10h30. Rosa contou ao site de VEJA que foi para a rua e reconheceu, entre as funcionárias, algumas de suas pacientes. “Era muita fumaça preta. Desci correndo e, como estava de máscara, ajudei a socorrer algumas pessoas que haviam inalado fumaça”, disse Rosa.
O fotógrafo Wanderson Carneiro foi um dos primeiros a perceber o fogo do lado de fora da loja. Ele assistiu também à chegada dos primeiros bombeiros. Segundo conta Carneiro, o primeiro carro parecia ter pouca água. “A água parecia sem força e não durou muito. Enquanto os bombeiros tentavam resolver o problema, as chamas se alastravam”, contou, lamentando não ter uma câmera à mão para registrar a ação.
Na quarta-feira, o Rio teve outro incêndio de grandes proporções. O Hospital Universitário Pedro Ernesto, no bairro de Vila Isabel, teve uma parte do prédio destruída pelas chamas, iniciadas em uma obra.
Prejuízo – Dono da loja Arrazo, de vestidos para festas, o comerciante Salim Yousseff acredita que perdeu todo o seu estoque. Como fica muito próxima da Aidan, a Arrazzo foi atingida pelas chamas – algo que, segundo os bombeiros, não aconteceu com outros estabelecimentos e prédios. “Os bombeiros demoraram 40 minutos para chegar. Isso é muito. Não quero criticar o trabalho desses homens, mas para chegar à minha loja a demora foi muito grande”, afirmou.
O vice-presidente da Amacopa (Associação de Moradores e Amigos de Copacabana), Tony Teixeira afirmou que há um problema crítico no bairro. “É uma triste ironia, no dia do aniversário de 120 anos. Logo em uma loja de festa, termos uma tragédia. Copacabana cresceu muito. Mas a estrutura do Corpo de Bombeiros não cresceu à altura. Os bombeiros são heróis, fazem o que é possível, no peito e na raça. Mas não têm estrutura material. Não pode o bairro ter um quartel de bombeiros apenas. O fato de termos um único quartel, em uma extremidade do bairro, atrasa muito o atendimento. Precisamos de outra unidade do outro lado de Copa”, disse.
O secretário de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros do Estado, coronel Sérgio Simões, afirmou que a operação de rescaldo poderá durar de 48 a 72 horas, devido à presença de muitos materiais inflamáveis. “Ainda não se sabe a causa do incêndio. O fogo não se alastrou para outras lojas. Recebemos informação sobre a presença de fogos de artifício, mas não foi encontrado esse tipo de material”, afirmou.
Simões nega que tenha havido demora no atendimento. “Existem problemas comuns, como falta de hidrantes e dificuldade de conectar mangueiras. Mas da hora do aviso até a chegada dos bombeiros foram oito minutos. Não houve falta d’água. Se tivesse demorado 40 minutos, como algumas pessoas estão falando, todo o quarteirão teria pegado fogo”, disse. “Em vez de falar de falta d’água e demora, é importante verificar se a loja onde se iniciou o fogo está cumprindo a legislação contra incêndio. Temos que ver se havia extintores, sprinklers e todo o resto. Assim que estiver terminada a operação de rescaldo vamos verificar tudo isso”, avisou.
Fonte: Veja.com