Imprensa

Categorias
Notícia

Maioria dos museus brasileiros segue vulnerável a incêndios

Os incêndios que destruíram recentemente boa parte do Museu da Língua Portuguesa, abrigado no prédio histórico da Estação da Luz, e, posteriormente, da Cinemateca Brasileira, ambos em São Paulo, expuseram, novamente, a fragilidade dos sistemas de proteção contra incêndio em prédios culturais e que são considerados patrimônios do País.

O Instituto Sprinkler Brasil (ISB) acredita que tais ocorrências poderiam ter sido minimizadas ou até mesmo evitadas se o Brasil tivesse uma legislação de proteção contra incêndio mais abrangente. A constatação está baseada na análise das melhores práticas de proteção a edifícios com estas características adotadas em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.

A legislação brasileira que trata de proteção contra incêndio no Brasil tem como premissa básica garantir a saída segura dos ocupantes da edificação, relegando a preservação do prédio e de seu conteúdo ao segundo plano. Entretanto, esse tipo de princípio não deve ser aplicado especialmente a locais de interesse histórico e cultural como os museus.

Tal lei não garantiria, por exemplo, a preservação de obras de grandes artistas como Van Gogh, Cézanne, Monet, Modigliani, entre outros que compõem o acervo do MASP (Museu de Arte de São Paulo), caso ele sofresse um incêndio. O mesmo aconteceria com os documentos valiosos que estão sob a responsabilidade da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, se o local fosse atingido pelo fogo.

Em todo o mundo, um número cada vez maior de museus está instalando sistemas de sprinklers ou chuveiros automáticos. Eles são considerados o meio mais eficiente de proteger coleções de obras de arte contra incêndio por algumas das principais organizações culturais do mundo, como o Instituto Smithsonian em Washington, nos EUA; o Conselho para Museus, Arquivos Históricos e Bibliotecas do Reino Unido; e o Instituto Canadense de Conservação do Patrimônio.

“Temos acompanhado uma sequência de incêndios em prédios históricos no Brasil, como o Teatro Cultura Artística, o Memorial da América Latina e, agora, o Museu da Língua Portuguesa e a Cinemateca Brasileira. Na ocasião do incêndio, os responsáveis por estes lugares afirmam estar cumprindo com o que está previsto na legislação, mas, se o prédio pega fogo é porque o nível de proteção adotado não é suficiente para impedir que eles queimem. Está mais do que na hora de revisar estas leis”, constata o diretor geral do ISB, Marcelo Lima.