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‘Sucessão de erros’ causou tragédia em boate de Santa Maria, diz Crea

Pouco tempo de reação das vítimas está entre as causas das mortes. Falha nos extintores e superlotação também são apontadas em relatório

Com base em um relatório elaborado após uma análise realizada na boate Kiss, cenário da tragédia em Santa Maria no domingo (27), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS) apontou a sucessão de erros técnicos como a principal causa das mortes de 237 jovens no incêndio. Em entrevista coletiva em Porto Alegre, técnicos apresentaram o estudo e criticaram a falta de profissionais qualificados e com formação específica na elaboração de planos de prevenção contra incêndio.

“Foi uma sucessão de erros que culminou na morte desses jovens. A sociedade deve exigir e propor providências. Estamos prontos para contribuir por uma legislação mais efetiva, com profissionais legalmente habilitados para ajudar em planos contra incêndio. É urgente que os bombeiros entendam que é preciso investir em profissionais preparados, mas também em equipamentos e departamentos técnicos específicos”, disse o presidente do conselho Luiz Alcides Capoani.

Segundo o Crea-RS, a combinação do uso de material de revestimento acústico inflamável associada à realização do show pirotécnico foram as causas fundamentais para o incêndio. Entre os outros erros apontados pela entidade estão a falha nos extintores, a dificuldade de evacuação com saídas deficientes, superlotação e falta de sinalização das saídas.

“Pela análise, a fumaça levou de quatro a cinco minutos para bloquear totalmente a visão. Levando em conta o tempo de percepção e reação das pessoas, as vítimas tiveram de um a dois minutos para sair”, conclui o engenheiro Luiz Carlos Pinto da Silva Filho. Segundo ele, o ar-condicionado favoreceu que a fumaça caisse rapidamente.

O Crea-RS pretende instalar uma comissão parlamentar para elaborar um novo código estadual de segurança contra incêndios e pânico. Para isso, uma reunião com o presidente da Assembleia Legislativa, Pedro Westphalen, deve ser realizada ainda nesta segunda-feira (4) para discutir mudanças na legislação.

 

Entenda

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 237 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores:

– O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
– Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
– A banda comprou um sinalizador proibido.
– O extintor de incêndio não funcionou.
– Havia mais público do que a capacidade.
– A boate tinha apenas um acesso para a rua.
– O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
– Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
– 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
– Equipamentos de gravação estavam no conserto.

 

Fonte: G1